AVC em Jovens: Um Alerta Necessário Sobre o Caso do YouTuber Pirulla
- Igor Granito
- há 3 dias
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Atualizado: há 2 dias

O caso recente do biólogo e youtuber Paulo Miranda Nascimento, conhecido como Pirula, que sofreu um AVC aos 43 anos, trouxe à tona uma discussão essencial: acidentes vasculares cerebrais não são exclusividade da terceira idade.
Pirula está internado na UTI desde o dia 25 de maio, e seu quadro inspira atenção, mas também serve de alerta para uma realidade pouco discutida: existem causas específicas e, muitas vezes, congênitas, que podem levar a um AVC em pessoas jovens — principalmente do tipo hemorrágico.
Entendendo o AVC Hemorrágico em Jovens
Enquanto o AVC isquêmico é mais frequente e geralmente associado a fatores como hipertensão, diabetes e colesterol alto, o AVC hemorrágico em pacientes jovens levanta suspeitas de alterações estruturais ou doenças raras da vascularização cerebral.
As principais causas incluem:
Malformações Arteriovenosas (MAVs)
São anomalias congênitas nos vasos sanguíneos do cérebro. Ao invés de uma rede capilar organizada, o sangue flui diretamente de uma artéria para uma veia, o que aumenta o risco de rompimento e, consequentemente, hemorragia cerebral. MAVs são silenciosas até que um evento grave aconteça.
Doença Moyamoya
Mais rara, é uma condição crônica em que grandes artérias do cérebro sofrem estreitamento progressivo, levando à formação de pequenas colaterais frágeis que podem se romper ou falhar na irrigação do cérebro. Apesar de mais comum em crianças, pode se manifestar em adultos jovens.
Vasculites Cerebrais
Doenças inflamatórias que atingem os vasos sanguíneos do cérebro. Podem surgir isoladamente ou associadas a doenças autoimunes, levando à fragilidade vascular e maior risco de sangramentos ou obstruções.
Trombofilias
Alterações genéticas ou adquiridas que aumentam a tendência à formação de coágulos. Apesar de mais associadas ao AVC isquêmico, em jovens com histórico familiar ou fatores desencadeantes como uso de anticoncepcionais, o risco deve ser investigado.
Um Problema Menos Raro do Que Parece
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 15% dos casos de AVC ocorrem em pessoas com menos de 50 anos. No Brasil, esse número vem crescendo, impulsionado por uma combinação de fatores genéticos, estilo de vida e diagnósticos ainda subestimados.
A presença de dores de cabeça súbitas e intensas, perda de força, alterações visuais, dificuldade de fala ou confusão mental são sinais de alerta — mesmo em jovens.
Diagnóstico e Tratamento
Para pacientes jovens com AVC, o diagnóstico de base deve ser detalhado. Exames como angiografia cerebral, ressonância magnética e painéis genéticos ou imunológicos ajudam a esclarecer a causa e definir o tratamento mais adequado.
O manejo pode envolver:
Controle clínico intensivo em UTI neurológica.
Cirurgias ou embolizações no caso de MAVs.
Terapias imunossupressoras em vasculites.
Anticoagulantes ou antiagregantes em trombofilias específicas.
Conclusão
O caso de Pirula mostra que o AVC pode atingir pessoas fora do grupo de risco tradicional, e que causas específicas, como malformações arteriovenosas, vasculites e distúrbios de coagulação, devem ser consideradas com atenção em pacientes jovens.
Se você ou alguém próximo apresentou sintomas neurológicos recentes — mesmo que leves — não ignore. O diagnóstico precoce pode salvar vidas e evitar sequelas graves.
Em caso de suspeita ou histórico familiar, marque uma consulta para uma avaliação neurológica completa.
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